Quinta-feira, 2 de Junho de 2016
A Lumbudus, Associação de Fotografia e Gravura, vai realizar duas exposições de fotografia no mês de Junho.
A primeira exposição, intitulada "Cut-Out", trata-se de uma exposição coletiva de fotografia de vários membros da Lumbudus. A inauguração está prevista para as 18h00 de dia 6 Junho, no novo espaço para exposições, a Biblioteca Municipal de Chaves.
A segunda exposição, intitulada "As minhas Flores", com autoria de Pablo Serrano, primeiro associado espanhol da Lumbudus, que terá lugar no próximo dia 9 de Junho (quinta-feira), pelas 18h30, na galeria da Adega do Faustino, em Chaves. Esta exposição estará até ao dia 30 de Junho.
De Luís Henrique Fernandes a 25 de Junho de 2016 às 12:11
“PABLO SERRANO, as minhas flores”
“Há tantas imagens como olhos para ver”.
-Sam Francis-pintor
A arte é …. «uma espécie de alimento espiritual que obriga as fontes da vida em que nos movemos a ganhar expressão».
A Fotografia, ainda adolescente, comparada com longevidade das Artes, e rival de estimação da Pintura, ainda não adquiriu o reconhecimento universal de arte.
Estou do lado daqueles que a consideram como tal: nela encontro a definição de Richard Palmer.
As cores da Pintura serão sempre diferentes das cores da Fotografia.
A fotografia do PABLO SERRANO é captada no momento. Não a vejo criada no estúdio, onde as cores podem ser compostas.
Nas fotografias das “Flores”, do PABLO, até me parece sentir-lhes o cheiro!
Este «Lumbudínio» já atingiu um grau de concentração visual extraordinário.
“Para se ser fotógrafo é preciso ter cultura”, sentenciou Henri Cartier-Bresson.
PABLO SERRANO não é “Doutor” em Genética Molecular, “Mestre” em Antropologia, “Licenciado” em História, ou romancista.
Mas revela-se um poeta da imagem, de momentos únicos e eternidades de vida.
PABLO SERRANO tem um olho de fotógrafo e outro de pintor.
Vá lá que, embora ajudados, eu ainda tenho dois para contemplar!
E o PABLO, que me surpreende nas suas imagens, com uma arte que se desprende em cada uma das suas manifestações, mostra-nos a verdade das palavras do “Príncipe dos Botânicos”:
- “Na Primavera, …. As folhas e as flores servem de leito nupcial, que o Criador tão gloriosamente arranjou, adornou com tão nobres cortinados e perfumou com tantos aromas suaves para que o noivo e a noiva aí possam celebrar as suas próprias núpcias com ainda maior solenidade.
Assim que o leito estiver preparado, chega o momento de o noivo abraçar a sua amada noiva e de se entregar a ela”.
A surpresa dos progressos do PABLO SERRANO na arte de fotografar faz-me desejar-lhe que a máquina fotográfica, nas suas mãos (tal como Pontus Hulten o disse de Sam Francis, pintor) «seja o arpão com que o Capitão Ahab arpoou a baleia branca».
PABLO SERRANO também é dos que me inspirou o meu «Pitigrama» - “LUMBUDÍNIOS”.
E eu, que nada tenho de artista, pergunto-me, intrigado: - a origem da arte está lá, escondidinha, guardadinha, e, ou, prontinha a revelar-se, lá mesmo no inconsciente?!
E, se a vós, estrelas de constelações brilhantes, os deuses vos abençoaram; estou em crer, eu, «incréu», que os diabos me excomungaram!
Sísifo me sinto condenado: é vã a minha luta para encontrar a sabedoria.
À arte apanho-lhe as imagens. Mas a arte foge-me.
Subirei o Larouco e o Brunheiro, as Alturas e o Minhéu, a Padrela e o Alvão.
Assomarei às ameias dos Castelos de Monterrey, de Montalegre e de Monforte de Rio Livre.
E no meu momento de liberdade, enquanto o rochedo desce a encosta, gritarei o meu contentamento por adivinhar o brilho da Arte e ouvir o eco da Cultura a espalharem-se pela minha, e VOSSA, NORMANDIA TAMEGANA!
Que não se confundam as minhas palavras com as de crítico, ou presumido crítico, de Arte: as minhas palavras são somente a expressão da minha surpresa pelo gabarito qualitativo que o meu amigo PABLO atingiu em tão pouco tempo; são somente a expressão do meu entusiasmo e do meu contentamento pela sua «performance»; são somente a expressão do meu apreço, da minha estima e da minha amizade devotadas ao meu amigo PABLO SERRANO.
E se me falta capacidade para a avaliação estética da Fotografia ou da Pintura, sobra-me alguma coragem, ou atrevimento, para, numa e noutra, encontrar inspiração prosadora; e, ou, de uma e de outra, colher significados e, ou, símbolos de vida!
A Fotografia pode não ser (considerada) uma arte, mas os seus sujeitos-objectos são, para mim, obras de arte.
Não é pelas imagens que interpretamos a realidade?
Ou a “Caverna de Platão” deixou de ser uma das nossas casas?
Será hora de despedida?!
Mozelos, nove de Junho de 2016
Luís Henrique Fernandes
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